
Como o jornalista Jamil Chade escreveu recentemente na revista CartaCapital, o governo de Donald Trump não faz mais segredo sobre o que planeja na América Latina: retomar o controle sobre a região, reinstalar a Doutrina Monroe e ampliar a presença militar no hemisfério.
A publicação, por Trump, de sua nova Estratégia de Segurança Nacional apenas confirmou o que já se anunciava: os EUA abandonaram qualquer dissimulação e assumiram que pretendem retomar o controle político, econômico e militar sobre toda a América Latina.

Não é metáfora ou figura retórica e sim um documento oficial, lançado pelo Conselho de Segurança Nacional e acompanhado do deslocamento de caças e navios de guerra para o Caribe. Suas prioridades são conhecidas, isto é, combate às drogas, à imigração e à presença de potências de fora da região, em particular a China. A América Latina é descrita como “nosso continente”.
Para quem não tem a obrigação de saber, a Doutrina Monroe, formulada em 1823 sob a presidência de James Monroe, estabeleceu que as Américas seriam esfera exclusiva de influência dos EUA.
Sob o lema “América para os americanos”, o país reivindicou o direito de impedir a presença de potências externas no hemisfério. Na prática, serviu por mais de um século como justificativa para intervenções, golpes e controle político sobre a América Latina e está diretamente ligada à nossa tradição de intervenções que terminaram por moldar, muitas vezes pela força, os rumos políticos da região.
(Nessa tradição não se pode deixar de lembrar o papel das elites políticas e econômicas locais, dispostas a submeter seus interesses aos interesses norte-americanos.)
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Jamil Chade/Carta Capital
Foto: O GLOBO
Via Opera Mundi